E a guerra colonial acabou? Não. Não acabou. Toda a guerra depois definda ainda vive em n¢s. Uma guerra não acaba enquanto houver um£ltimo sobrevivente e enquanto os familiares ou amigos, que sofreramdanos colaterais tiverem mem¢ria.A absurdez e perversidadeda guerra colonial marcaram a sa£de, a personalidade e a carreira doautor, assim como o seu estilo de escrever.Aqui sãoretratadas as vivncias de um miliciano, em jeito de alter ego,forado a entrar numa guerra de causas e motivaões alheias, emcondiões muito adversas.Uma guerra sem fundamento, sempreparaão e sem soluão. Uma guerra para onde foram lanados, suasorte e ao seu prim rio sentido de sobrevivncia, milhares deportugueses subtra¡dos do seu ambiente, esbulhados da normal alegriada juventude.Os traumas adquiridos para a vida toda,incluindo a ?culpa do sobrevivente?, refletem- se, de certo modo, emalguns relatos.Como bem disse o mdico Gerhard Trabert:?Quem sobrevive sente-se culpado por ter sobrevivido e os outros terem morrido?. Por ter, qui , matado para sobreviver.Num tempoem que outros Estados apontavam esforos ao desenvolvimento das suaspr¢prias metr¢poles, visando maximizar o bem-estar dos seus povos, emPortugal, os ?cabeas de ouro? massacravam e a dizimavam a juventude,amputando fam¡lias e traumatizando geraões.